Occupy Fukushima
Nathalie Ventura
Japão
37°23'0" leste e 140°10'59" norte.
Publicado em
27/10/2021
Atualizado em
06/12/2021
Desde que a Central Nuclear de Fukushima Daiichi foi atingida por um tsunami em 11 de março de 2011, provocando o derretimento de três reatores e a consequente liberação de material radioativo, configurando o maior desastre nuclear desde Chernobyl em 1986, a emblemática produção de energia a partir de usinas nucleares ganhou mais uma vez as ruas e os noticiários com muita indignação. O movimento social Occupy Fukushima nasceu após este evento, reunindo protestos em massa nas ruas de Tóquio contra o uso de energia nuclear.
Ao mesmo tempo em que as manifestações desempenharam um importante papel na revitalização do ativismo de rua no Japão, podem ser lidas também como parte de uma série de movimentos sociais pelo mundo em luta pela democracia, como a Primavera Árabe e o Occupy Wall Street. Extrapolando as escalas nacionais, os protestos revelam, dessa forma, uma conexão global não só socialmente, mas também por outros agentes como o ar e a água que, contaminados com elementos radioativos, se espalham pelo planeta para além dos limites territoriais políticos.
A reverberação do Occupy Fukushima permanece forte até hoje, levantando a bandeira do ativismo anti-nuclear. Por diversas vezes ao longo dos últimos anos, alavancou protestos em resposta a ações governamentais de enfrentamento das consequências da usina desativada e de políticas energéticas, despontando como símbolo ao redor do mundo.
Ainda hoje, substâncias radioativas podem sem encontradas na costa do Japão e em outros pontos do Pacífico. A poluição dos oceanos com materiais radioativos remonta aos primeiros testes das bombas atômicas em área marítima, feitos pelos Estados Unidos em 1946, e à enorme quantidade de lixo radioativo que usinas nucleares depositavam nos oceanos até o início dos anos 1990 (de 1946 a 1993, a quantidade passou de 200 mil toneladas). Essa radiação não se restringe à água, mas afeta os solos dos oceanos e os animais marinhos.
A água contaminada desde o desastre de Fukushima vem sendo usada para resfriar o reator destruído, a fim de prevenir futuros acidentes, e estocada em enormes tanques, que possuem previsão de estarem cheios até 2022, quando estima-se que 1.2 milhões de litros de água radioativa serão despejadas no oceano Pacífico. É o que os noticiários, em 2020, afirmavam que o governo japonês pretendia fazer, o que fez surtir alertas como o do Greenpeace, que informou que a água da usina contém carbono radioativo que poderia danificar o DNA humano.
Mesmo o acidente tendo ocorrido há uma década, as lutas sobre energia nuclear e sobre as consequências da contaminação permanecem. Além dos protestos de março de 2011, outro momento ápice das reivindicações antinucleares ocorreu em 29 de junho de 2012, quando cerca de 200.000 pessoas protestaram nas ruas do Japão contra a reinicialização de um reator nuclear em Oi, na província de Fukui. Em 2019, o tribunal japonês absolveu diretores da TEPCO, empresa que administrava a usina, acusados de negligência profissional. A notícia levou dezenas de cidadãos a protestaram do lado de fora do tribunal contra a decisão. Todos os reatores do Japão foram desativados após o acidente.
Data: Desde março de 2011
Principais agentes envolvidos:
-População japonesa
-Governo japonês
-TEPCO (administradora da usina na época)
-Substâncias radioativas
-Oceano
Referências
Fontes e Links:
ASAA. The Anti-nuclear Movement and Street Politics in Japan after Fukushima. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
DW. Fukushima: How the ocean became a dumping ground for radioactive waste. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
DW. Justiça japonesa absolve acusados por desastre nuclear em Fukushima. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
Fukushima Tsunami. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
Istoé. As águas de Fukushima. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
Veja. Japão admite liberação perigosa de radiação em Fukushima. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
OCCUPY.COM. Two years on, will the lessons of Fukushima go unheeded? . Acesso em: fev. 2021.
Occupy Fukushima. Twitter. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
Segundos Fatais Usina Nuclear De Fukushima. Disponível em: . Acesso em: fev. 2021.
Responsável pelo mapeamento:
Nathalie Ventura