MCMV (EN)
Giovanni Bussaglia e David Sperling
SP, Brasil
22°2'49" oeste e 47°55'24" sul.
Publicado em
09/12/2021
Atualizado em
09/07/2022
Agentes envolvidos
Estado
Construtoras
Trabalhadores da construção civil
População vulnerável
No início da década de 2000, um novo governo é eleito no Brasil sob a bandeira de colocar o pobre no orçamento. Na mesma década, estrutura-se de vez um movimento de abertura de capital em bolsa por várias empresas construtoras brasileiras. Em diversas escalas produtivas, as estruturas de comando histórica e tradicionalmente familiares transbordam seus quadros para um circuito de fluxos globais. O brasileiro é parte da globalização. No final da década, emerge a Crise Econômica em escala mundial.
Uma nova demanda, nesse momento, se faz necessária. A necessidade do salvamento dos setores produtivos, sobretudo o imobiliário, como estratégia de enfrentamento da Crise. Articula-se, assim, a oferta de moradia, demanda histórica e ativo eleitoral, com a retomada de crescimento econômico e geração de empregos pela construção civil.
No Minha Casa Minha Vida, o poder de decisão sobre a localização e o desenho do projeto é transferido para os agentes privados. É a ode à propriedade privada e o predomínio da adaptação, assimilação, incorporação. A economia baseada na redução de custos, na padronização, no controle e maximização do lucro. Próprio do programa são os processos de apropriação e desapropriação: do lugar, dos corpos, da escala, das pautas, dos movimentos e das escolhas. Nesse movimento, o critério para orientar as apropriações a serem realizadas pelos agentes privados não poderá ser outro senão o da rentabilidade desses vários níveis de propriedade.
O MCMV é causa e efeito do entendimento de política enquanto forma que institucionaliza, generaliza, visibiliza e apodera. Nessa política, a casa, muito mais do que morada, serve para atender a demanda de se ter propriedade, seja para existir, seja para falar.
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MCMV
Conceived as a rescue package and brought to life in 2009, the My House My Life (Minha Casa Minha Vida – MCMV) program ushered in what would become the new national housing policy, based on a single model of promoting home ownership, accessed via the market and credit. // In the early 2000s, a new administration is elected in Brazil, touting the flag of getting poor people a piece of the federal budget. That same decade saw the consolidation of a trend of Brazilian construction companies get listed on the stock exchange. At multiple scales of production, the historically and traditionally family-run leadership structures overflow into a circuit of global flows. Brazilians become a part of globalization. Towards the end of the decade, the Economic Crisis breaks out on a global scale.
At that point in time, a new demand makes itself felt: the need to rescue the productive sectors, especially real estate, as a strategy to address the Crisis. Thus, housing availability, a historical demand and an asset when it comes to elections, articulates with the resumption of economic growth and jobs creation via construction.
The My House My Life (Minha Casa Minha Vida – MCMV) program transfers decision-making power regarding project location and design to private entities. It is an ode to private property and the prevalence of adaptation, assimilation, incorporation. Economy based on cost reduction, standardization, control, and the maximization of profit. The program is characterized by processes of appropriation and disappropriation: of the place, of bodies, of scale, of agendas, of movements and of choices. In this movement, the criterion that drives the appropriations to be undertaken by private entities is no other than the profitability of these various levels of property.
MCMV is a cause and an effect of the understanding of politics as form which institutionalizes, generalizes, renders visible and seizes. As per this politics, the house, much more than a dwelling, serves the purpose of meeting the demand for owning property, whether it be to exist, whether it be to speak.
Links Relacionados Publicação MCMV NEC-USP
Referências
Luciano Bernardino da Costa, NEC-USP, Tiago Hindi