Cristo Redentor

Paola Dargoni, Ana Luiza Nobre, David Sperling

RJ, Brasil

22°57'8" oeste e 43°12'37" sul.

“A principal cousa que me moveu a mandar a povoar as ditas terras do Brasil foi para que a gente dela se convertesse à nossa santa fé católica” trecho de correspondência entre D. João III e Tomé de Souza (1548)

Publicado em
30/09/2022

Atualizado em
02/12/2022

No Rio de Janeiro, se elevando a 709 metros acima do nível do mar no cume do morro do Corcovado, uma estátua de 30 metros se ergue na paisagem.

Desde sua inauguração em 1931, a representação em concreto e pedra-sabão do símbolo máximo do Cristianismo efetiva e materializa no espaço uma narrativa de poder: sua localização em uma das cotas mais altas da cidade afirma a influência ainda imperativa da igreja sobre a população, mesmo no contexto de um Estado recém separado oficialmente da Instituição Católica por uma República laica em 1889. 

O argumento da laicidade do Estado foi também utilizado por lideranças protestantes que, em oposição à campanha de arrecadação e concessão de recursos públicos municipais, insurgiram contra a construção do monumento. 

O aspecto jurídico relacionado à separação entre Estado e Igreja ganhou ainda mais força a partir do parecer do então consultor-geral da República, Rodrigo Otávio, que atestou a inconstitucionalidade do ato de privilegiar uma religião sobre as demais. No entanto, a autorização para início da construção foi concedida pelo então presidente Epitácio Pessoa, após o recebimento de um abaixo-assinado em defesa da obra com a assinatura de 20 mil nomes. 

Corpo em forma de cruz, pés fincados sobre a então capital da República, braços abertos sobre uma nação. Além da iconologia do acolhimento e da paz, manifesta-se o domínio do território, de norte a sul e de leste a oeste. 

É o gesto da primeira missa no Brasil reiterado. Física e simbolicamente, o chão é novamente marcado.

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Elevação da Cruz em Porto Seguro, tela de Pedro Peres (1879). (2)

Elevação da Cruz em Porto Seguro, tela de Pedro Peres (1879). (2)

Croquis de Lucio Costa para o Plano Piloto de Brasília Fundo – Arquivo Público do DF (3)

Croquis de Lucio Costa para o Plano Piloto de Brasília Fundo – Arquivo Público do DF (3)

Terreiro das Salinas incendiado, em São José da Coroa Grande- PE- Crédito: Divulgação (4)

Terreiro das Salinas incendiado, em São José da Coroa Grande- PE- Crédito: Divulgação (4)

Crucifixo no plenário do STF / Crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF(5)

Crucifixo no plenário do STF / Crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF(5)

Niemeyer Arquitetos Associados (6)

Niemeyer Arquitetos Associados (6)