Cidade Aracy

Nomeado em homenagem à esposa de um grande industrial e proprietário de terras pertencente a uma das famílias tradicionais da cidade de São Carlos, os Pereira Lopes, o bairro Cidade Aracy surgiu na década de 80. Seu chão foi comprado por Airton Garcia Ferreira, envolvido com o mercado imobiliário, e loteado  na época em que era vice-prefeito. A estratégia política para ocupação das terras foi pautada em seus interesses privados: consistia na doação de meios lotes por meio de sua imobiliária particular, a Faixa Azul, enquanto a outra metade do lote deveria ser adquirida por compradores.
Com a doação de terras, a construção das primeiras casas e o baixo preço dos meios lotes à venda, o bairro cresceu mesmo sem a infraestrutura básica para suprir as demandas dos residentes, em sua maioria, trabalhadores imigrantes. De forma previsível, o processo de urbanização não acompanhou a explosão populacional no fim dos anos 90. Ainda hoje o bairro sofre com precariedade de infraestrutura, de acesso a  serviços públicos e com o estereótipo da pobreza.
Ocupado de forma ilegal sobre uma área de recarga do Aquífero Guarani, o chão do Aracy antes protegido ambientalmente hoje se encontra ainda mais pobre devido aos problemas ambientais: poluição das nascentes, desmatamento, assoreamento e descarga de esgotos nos cursos d’água.  Conhecido por muitos que residem no bairro como o “Pai dos pobres” ou “Pai da humanidade”,  Airton segue ativo na política sãocarlense como o prefeito mais rico do Brasil.
Dentre outras formas, sua riqueza cresce seguindo os mesmos princípios. O chão, ausente de significado, importância e cuidado continua reduzido à função exploratória. Não por acaso é possível encontrar também relatos de outras ações irregulares, com mineração e apropriação de bens minerais pertencentes à União, no norte do país. 
Práticas variadas, mesmo modus operandi:  enriquecimento pelo empobrecimento do chão.